sábado, 25 de agosto de 2012

DEMOCRACIA

Olá,  todos!

Tomei a iniciativa e resolvi começar o ciclo de escrituras ao qual nos propusemos, eu e o meu primo. Como fora dito, o espaço destina-se ao abrigo de ideias sobre todo e qualquer assunto de interesse geral, a ser lido e comentado pelos visitantes.

O que me traz hoje é a leitura. Assunto demasiado controverso, pois encerra visões de mundo únicas - aviso que empregarei propositalmente o termo, ao longo desta postagem - e, por consequência, produz efeitos igualmente particulares em seus leitores. Isto posto, precisamos entender, agora e para sempre, o que é leitura, para evitar interpretações equivocadas. Partamos do senso-comum "Quem não lê é analfabeto.". Adiante, descobrimos, em Pedagogia, outro, aqui escrito: 'Quem lê, decodifica as letras, mas não entende o que acabou de ler é chamado 'analfabeto funcional'". Seguindo este caminho, quero apresentar a questão, colocando alguns elementos necessários à sua compreensão.


A leitura que escapa ao analfabetismo funcional baseia-se, unica e simplesmente, no ACESSO À EDUCAÇÃO e ao LETRAMENTO - ensino da leitura e da escrita -. Para que se leia bem, considerando-se o texto fisicamente atrelado ao papel, deve-se entender, antes de tudo, A DIFERENÇA ENTRE LETRA E FONEMA. Somente os primeiros passos nas aulas de língua portuguesa fornecem tal informação. Se toda e qualquer pessoa tem acesso à sala de aula  (isso é educação democrática e letramento) e aprende, na prática, a diferença entre fonema e letra, NUNCA se mostrará confusa ao escrever uma conjunção coordenativa adversativa (mas) ou uma conjunção aditiva (mais). Por quê?? Através de um processo obviamente lento, o aluno percebe, pela diferenciação entre letra e fonema, e pela observação das palavras, e pela escritura dessas palavras, o momento certo para usá-las. E a descoberta desse momento se faz com o hábito. E o hábito se faz pelo ACESSO À EDUCAÇÃO e pelo exercício da leitura, resultante do LETRAMENTO. Diz-se, então, que alguém é letrado, por reconhecer diversos tipos textuais, por ter acesso a eles, desde o início da vida escolar.

O número de analfabetos funcionais e sua estatística existem para se medir o quanto efetivo é o processo de letramento dos alunos em idade escolar ou aqueles enquadrados na EJA - Educação para Jovens e Adultos que ficaram afastados da escola e precisam de acompanhamento especializado, por causa da distorção idade/série a que se submetem. Tais números mostram, ademais, a ineficácia do sistema educacional brasileiro, que não aloca recursos e nem prepara educadores e técnicos pedagógicos para trabalhar com o letramento, oferecendo a esses profissionais em formação o material absolutamente necessário para sua especialização: a experiência de campo. A prática. 

Não se deve fazer enquetes para saber quem lê mais ou quem lê menos. Isso nunca responderá à real pergunta subjacente: quem lê bem? Esta é, também, uma pergunta sem resposta. Isso, porque a leitura é um exercício particular. A leitura é uma atividade plural, porque não se atém à visualização e decodificação de sinais gráficos em uma página física ou eletrônica. É muito mais. Leitura é compreensão de mundos, mensagens. Ler não significa, unicamente, saber que no cartaz está escrito "ENTRE AQUI", e, por isso entraremos aqui. Preciso saber PORQUE DEVO ENTRAR AQUI. Ler é isso.

Não posso aferir a capacidade leitora de alguém, pelo número de livros que esse alguém lê, por mês, por semestre, por ano. Isso não significará nada para mim., porque a leitura, como já fora dito, é um exercício particular. e só é compartilhada com quem vê o mundo sob uma LEITURA PARTICULAR CONVERGENTE. Ou seja, vários leitores enxergam o mundo de maneira igual ou aproximada. por isso, podem partilhar opiniões. Muito menos posso aferir a capacidade escritora de alguém, pelos mesmos motivos.

NUNCA DEVEREI ESTIGMATIZAR UMA PESSOA  OU GRUPO DE PESSOAS, POR ESTA OU ESTAS NÃO LEREM O BASTANTE, LEVANDO EM CONTA O MEU PONTO DE VISTA. POR ISSO, NÃO POSSO DIZER QUE OS ANALFABETOS FUNCIONAIS ESTÃO AO MEU REDOR E QUE, DE REPENTE, POSSO SER INOCULADO POR ESSE "VÍRUS".
Se eu leio e não entendo, essa é, sim, uma questão particular a se resolver, com o apoio de quem enxerga o mundo com olhos mais abertos que os meus. Preciso ler melhor o que está à minha volta.
O fato de ser um profissional de área específica NUNCA ME CONDICIONARÁ A SER ENCARCERADO A UMA LEITURA ESPECÍFICA. Se isso acontece, é por escolha, novamente, particular.

A norma culta de qualquer língua circunscreve-se ao uso formal, em situações de comunicação formal, na modalidade oral e escrita. O número de regras, maior ou menor, não influencia o seu uso. A habilidade que tem o usuário da língua está ligada à frequência de emprego das regras, em momentos específicos, na escritura de um texto especial, em uma apresentação pública. Se um indivíduo não emprega adequadamente uma regra, não significa serem ele ou ela desconhecedores do mundo . Ele ou ela não serão menos letrados que eu. Podem até conhecer mais o mundo que eu. Isto significa dizer: ele ou ela LEEM O MUNDO DE UMA FORMA PARTICULAR,, pois leitura é isso.

Novamente: NÃO SE DEVE ESTIGMATIZAR QUALQUER UM QUE NÃO TENHA O PLENO DOMÍNIO DA NORMA CULTA DE QUALQUER LÍNGUA, pelos motivos já citados.

Por enquanto, é só.

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